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quarta-feira, 18 de novembro de 2009

EUCLIDES E A VIDA E A MORTE POR UM FIO


Euclides não é adepto a papos transcendentais. Não gosta de ouvir crente pregar, odeia papo de espírita sobre reencarnação, acha que os extremistas islâmicos são tudo tarado por virgens. Mas alguma coisa mexeu com ele nos últimos dias.

Quando voltava do trabalho assistiu a algo que lhe tirou o chão. Um pouco antes de chegar à avenida que dá acesso a sua residência presenciou um forte acidente de transito. Uma Celta pegou em cheio uma moto, arremessando a condutora uns três metros à frente, fazendo-a colidir em um poste.

A pancada foi tão grande e forte que ela morreu ali, imediatamente... Euclides viu tudo, e foi ele que chamou o SAMUR e os policiais de transito. Aos prantos e desesperado, o condutor do Celta bradava, “eu matei a moça, eu matei a moça...”.

Ao redor, populares acompanhavam tudo. Homens, mulheres e crianças vendo o desenrolar de tudo, como se ali fosse um reality show. Euclides manteve-se sereno; tentava consolar o motorista do carro, ao mesmo tempo em que tentava dispersar a multidão. Achou engraçado e dantesco toda aquela situação: “como a morte pode ser algo espetacular!”. Pensava isso não com entusiasmo, mas com lastima. O desespero do motorista, que certamente responderá a justiça pelo acidente; a vítima, que já não se encontrava mais nesse mundo, mas que deixara familiares e amigos... E aqueles populares de “divertindo” com a desgraça alheia.

SAMUR e policiais no local, IML com o rabecão, rua trafegando e Euclides na delegacia como testemunha ocular da situação. Relatou ao Delegado Limeira o que viu, seu procedimento, tudo enfim. Liberado, segui para casa. No caminho, tentava pensar em tantas coisas, como por exemplo, a péssima campanha do Palmeira no final do campeonato brasileiro; o caso da moça hostilizada por causa de seu vestido curto em uma faculdade paulista; a fatura de seu cartão de crédito; a ração pro cachorro... Mas nada! Absolutamente nada fez Euclides tirar seus pensamentos do ocorrido.

Ao chegar a casa foi direto tomar banho, e no banheiro começou a chorar. Chorou pela pelo motorista, pela moça morta, pelos familiares de ambos que terão suas vidas modificadas drasticamente com todo o corrido e pela sua vida. Nunca tinha parado pra pensar que para estar morto basta estar vivo.

No telefone, conversando com um amigo, relatou o ocorrido e começou a divagar sobre a vida e morte por um fio. No quanto somos ingratos e na maioria das vezes não agradecemos a Deus pelos simples ato de dormir e levantar; pelos amigos e familiares que tanto amamos; pelo trabalho nosso de cada dia; pelos bens materiais advindos de cada esforço nosso, enfim... O quanto nossa falta de (ou pouca) fé, não nos deixa enxergar o quanto a vida é bela, e quanto tempo perdemos em lamentações, brigas e complicações, esquecendo de viver.
"É cedo ou tarde demais, pra dizer adeus, pra dizer jamais" (Titãs/ Pra Dizer Adeus)

8 devaneios:

Carol disse...

Nossa, profundo, esse acidente relamente aconteceu ou vc inventou??? eu ja pensei mt nessas coisas, e realmente p morrer bastar estar vivo...=/

Carol disse...

Ps: Daniel se vc coloca o URL do seu blog no espaço que pede antes de escreve no comentario, não precisa por no comentário denovo não...^^

Anônimo disse...

É preciso amar as pessoas como se não houvesse o amanhã!!

Bem por aí... Por isso vivo dia pós dia negooo!

Bj

Anônimo disse...

Conheci um rapaz que um dia atropelou e matou uma moça que se jogou na frente de seu carro. Tinha sido suicídio, mas para todos os efeitos, ele tinha sido a arma. Mesmo depois de anos, ele ainda carrega uma sombra de culpa, como se nós, ou ele, tivéssemos algum poder sobre a vida ou a morte.

Para morrer, basta estar vivo...

beijocas, menino. ;)

Neto disse...

A Valéria comentou bem aí lembrando uma estrofe da canção do grande Renato Russo.

"E aqueles populares de “divertindo” com a desgraça alheia."

O que me deixa inquieto nesses casos não é a surpresa ou o choque por ver a morte de alguem, mas como o 'comportamento irracional de alguns' acontece e muda constantemente de uma hora para outra.

Há pessoas que parecem gostar de ver a cena da desgraça dos outros. Parecem se alimentar do infortúnio alheio e sorriem cinicamente quando veem alguem sofrendo, triste ou pra baixo. Essa claque é horrível. São aquelas pessoas que acham que nenhum deles vai morrer um dia e se, por acaso, isso acontecer foi porque 'Deus' é um ser mau com eles. Vivem assim, simples, sem choro, sem sentimentos, sem velas, sem alegrias, tudo numa boa, numa nice.

Acredito que esse tipo de gente fria não tem, e nem sabe, fazer amigos porque não têm coração.

Como dizia meu velho pai: Há pessoas nesta vida que, para aprenderem a respeitar os direitos dos outros, para aprenderem a ser mais humanas e solidárias, tem que passar por um grande desacerto na vida. Não há outra forma de les aprenderem o óbvio.

Abraços Daniel!
Mais uma vez parabéns pelo texto, e pela mudança no lay do blog - mais profissa agora :)

Gabii disse...

nossa!! deveria ter sido horrivel mesmo, eu nem gosto de ver umas coisas dessas =/ beijos

Mayara Borges disse...

Porra... Que história! hahahahaha... Eh verdade sobre a camiseta??? hahahaha... Eu quero! Uso com prazer rs.

Beijoss.

Luciana Brito disse...

Pois é bem assim, as pessoas geralmente precisam passar ou presenciar situações limite para cair na real de que são mortais.

Beijo! =)

BOO-BOX!!!

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