“A ignorância é uma benção. A sabedoria um inferno” (Dito Popular)
Dias antes da virada de ano, alguns amigos e eu “elegíamos” o que poderia ser o retrato dessa geração 2000. Pensamos em tantas pessoas, em tantos fatos, em tantos instrumentos... Em certo ponto convergimos em opiniões e colocamos no pódio pela ordem, Lula, internet e a mídia. Eis que um amigo branda: “ei, essas três coisas cabem dentro de um mesmo balaio! Por que não reunir os três e apenas colocar como o número um a mídia?”. Todos concordaram.
Eleita a mídia a figura do século, fomos dissecando-a e elegemos sub-culturas (filosófico e sociólogo isso tudo, né não?), e chegamos a duas coisas que são a cara dessa geração: BBB e o Youtube.
Nada parece ser tão a cara dessa geração que esses dois mecanismos de entretenimento. O primeiro, programa da grade da Rede Globo de Televisão acontece todos os anos desde o ano 2000 e já está na sua décima edição. O segundo, um portal de vídeos que se tornou febre mundial, podendo suportar pequenas mídias e botando no holofote qualquer pessoa ou coisa que chame atenção de tal forma que se transforme em recorde de cliques, como é o caso da Susan Boyle, recordista de acesso mundial, e a recordista de acessos aqui no Brasil, a loira da UNIBAN, Geise Arruda.
Ambos os fenômenos podem transformar meros desconhecidos em “celebridades instantâneas”. Aliás, antigamente ser “famoso” era um cantor, ator, escritor, enfim, alguém de teor artístico ou de relevância ímpar. Hoje, grandes partes das pessoas já não querem ser meros desconhecidos, e sim, celebridades!
O Youtube pode colocar na mídia pessoas ou grupos que merecem sim destaque. (apesar disso ultimamente ser bastante escasso). É o caso da própria Susan Boyle, participante de um programa de calouros Britânico que surpreendeu o Mundo e se tornou fenômeno mundial, que recentemente gravou um CD. Sem o Youtube, Boyle ficaria restrita ao seu país.
Já o BBB... Sempre me pergunto pra quê serve esse programa e qual é o fascínio que esse Reality provoca nas pessoas, a ponto de ser a coisa mais comentada do País por três meses, fazendo boa parte das pessoas gastarem tubos de dinheiro para eliminar e eleger o campeão do programa. Claro, há pessoas que gostam e assistem o programa e não se deixam alienar, mas grande maioria...
Mas não é só esse programa, é A Fazenda da rede Record e tantos outros programas no molde Reality que viraram febre no Brasil e provocam tanto bafafá. Tempos desses li na Revista Super Interessante, que o fascínio que esses programas provocam é o mesmo das pessoas que assistiam os circos dos horrores, que até início do século XX existiam, que expunham pessoas com tipos de deformidades físicas. Segundo reportagem, esse tipo de fenômeno ativa uma parte do cérebro responsável pelas sensações, fazendo indivíduo sentir-se superior ao outro. Usando esse raciocínio, podemos entender que o sucesso dos Realitys está na possibilidade de julgar o outro (no caso o participante) sem qualquer ônus moral e ético.
Agora me é estranho pensar que boa parte da população brasileira (e porque não, mundial) quer ser “macaco de circo de horrores” e se expor ao ridículo, independentemente do que isso possa lhe acarretar.
O Youtube pode nos evidenciar fenômenos nada interessantes... Tempo desses li um reportagem na net em que a Geise Arruda fez plástica para parecer a Carla Peres. Também li sobre a mesma, que ela teria sido procurada pela produtora de filmes Pornôs Sexxxy para estrelar um explicito; fora a já divulgada possibilidade de pousar nua. Ela talvez seja o retrato esculpido dessa geração: ficou famosa através de uma monstruosidade que foi vítima na Faculdade e que foi postada no Youtube e tira os “louros” da fama instantânea. Não estou aqui repreendendo-a, julgando ou coisa do tipo, porém, está em programas de TV quase que toda a semana é justificar o ataque daqueles irracionais da UNIBAN.
Ela é tantos outros (as) são o retrato de uma geração torta que acham que ser mais um na multidão já não tem a menor graça, esperando a oportunidade de ser aquilo que não são.
EXTRA:
Tem texto meu no Só Pensando(http://so-pensando.blogspot.com) sobre o ocorrido no Haiti.
5 devaneios:
Concordo com teu texto. Acho que as pessoas hoje querem evidência e para isso vale qualquer coisa, salvo raras exceções.
O BBB é um programa sem qualquer finalidade, mas faz sucesso porque as pessoas gostam de falar, observar a vida alheia e assim esquecer um pouco de suas mazelas diárias.Como um amigo meu disse, o BBB é um zoológico humano, com a diferença que um sai rico dalí.
Abração
Enquanto lia, fui pensando... No fim, a blogosfera acaba fazendo o mesmpo papel dos Reality, mostrando ao público aquilo que você pensa, gosta, fotografa e colocando-o a julgamento. Uns lucram com isso. Outros, apesar de serem condenados pela sociedade, lucram também - é só ver a Bruna Surfistinha. Outros, como a grande maioria, vamos ficar circulando no palco...
Beijocas
Nossa, vc tem razão. BBB é uma merda, aquele menina da UNIBAN não é ninguem, e as pessoas são fofoqueiras, orgulhosas e superiores.
BJs
Vou discordar um pouco da Senhora (com todo respeito, claro!) na comparação que ela fez entre a blogosfera e o BBB.
O público do BBB não é igual ao público de blogs. Eles são pessoas que gostam de fofocas, de disses me disses, barracos, de saber curiosidades da vida alheia, e do trivial. Na blogosfera é diferente porque há critérios. Você pode seguir apenas quem você quiser. Ler apenas quem você quiser, Deletar quem você quiser e, quase sempre, você só vai ler opiniões apenas de quem te interessa. É uma rede única, para pessoas interessantes (para ambos os lados) e com assuntos que te interessam - diferentemente do BBB que te deixa sem opção.
Eu não vejo BBB. Detesto. Mas não abomino o marketing do programa - sou uma pessoa que está olhando sempre o lado "financeiro das coisas". No entanto, quem me conhece bem não me vê (e nem me acha) um cara chato, quadrado, sério demais ou antiquado, porque eu não sigo essa 'nova onda da momento". No meu pessoal, sou tão simples e alegre como qualquer pessoa que está de bem com a vida, e sempre transmito isso aos outros :)
Do YouTube, eu posso dizer que, de fato, é uma revolução. Tirou (e tira) do anonimato para a fama pessoas que tinham talento e não tinha quem os visse. Ele é o buzz, uma ferramenta espetacular. Não necessariamente por causar fama mas, para mim, foi a ideia da década.
Quanto a Geyse, soube que ela está 'queimando as gordurinhas'. Vai se apresentar numa escola de samba no Rio e será a porta bandeira. Nada contra ela. Que ela siga seu destino e faça bastante sucesso.
Para mim, entretanto, entre ter sucesso e ter que ser uma outra pessoa (não ser eu mesmo), eu prefiria o anonimato. Não me sentiria bem figurando entre celebridades apenas porque alguem viu um vídeo meu fantasiando e fingindo e gostou. Sou muito transparente para gostar desses "sucessos momentaneos" :)
Grande abraço Daniel!
NETO Concordo em quase tudo, exceto na parte das fofocas. :) O mundo blogosférico tem gente como em todo lugar. Inacreditavelmente, o ser humano gosta de um show de horrores, seja em que formato for. Basta um blog ter um bate-boca que sua "audiência" aumenta barbaramente - e de gente que nunca apareceu por lá! Pode até nem comentar, ficar ali vendo o circo pegar fogo, mas fica assistindo.
A blogosfera tem a enorme vantagem de, como você diz, escolhermos as nossas preferências. Mais do que isso, intervir diretamente, quer com o nosso comentário, ou a nosso apreço, ou a nossa ira.
De resto, assino embaixo. ;)
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