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quinta-feira, 1 de outubro de 2009

ALICE E AS MINHAS LEMBRANÇAS

Alice incrivelmente tem o dom da palavra. E muito mais que isso, tem o dom de entender a “condição humana”. Sim, isto que já é clichê mas que no dia-a-dia fazemos questão de ignorar.
Alice a duras penas pena o seu catigo – o olhar inquisidor que ela mesma define como “olhar possuído, obssessivo, cuidadoso, forte, pesado, cruel, desprezado e zangado”. É da “condição humana” dar adjetivos. Adjetivar tudo e quanto for real, abstrato, compreensivo e além do alcance das próprias palavras.
Estar impinotizado por um olhar “inquisidor” é da história de vida de quase todos. Ser dominado por um sentimento tão desvastador é de marcar a vida daqueles que amam. Alice possui um poder impar de me levar longe... Longe de mais para não sentir essa “longevidade toda”. Suas palavras levam-me a cenas que vivi, situações que vivi, coisas que vivi, ou mesmo, situações que jamais queria ter vivido.
Alice me levou ao ano de mil novecentos e lavai poeira e na descrição do olhar que lhe inqueta me fez lembrar de um outro olhar. Consizo, oblicou, desvastador, cheio de tara e desarmador... Fez ver-me menino, infantil, bebê, dominado pela mulher, feita, madura com um poder de devastação tão potente quanto “sem querer”. Foi sem querer que à conheci; Foi quase sem querer que à beijei... E foi com muito querer que à tive em uma noite gélida de uma cama de motel! (…).
Paixão tão forte quanto súbita; Tão dominadora quanto inimaginável... Despedida cruel feito morte premeditada! (…). É castigador sentir algo tão forte, e ficar sem o controle de si. É castagante se vê servil sem nenhuma chance de defesa... É absurdamente doloroso ter a consciência de estar só, jogado, pedindo socorro, querendo socorro e sem ninguém para ajudar! (…)
Ler o texto Alice foi como ler a minha própria história, sem rimas, sem estrofe, sem concordâncias verbais, pois os sentimentos, por mais adjetiváveis que possam ser, quando são fortes, são marcas feitas a ferro em braza, bastando um simples toque na lembrança para revivê-los novamente...
Texto inspirado no de Alice intitulado “Alice e Seu Castigo”.

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