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segunda-feira, 12 de abril de 2010

A GAROTA DO CALENDÁRIO


Ela foi feita pelos moldes de uma modelo morena com cabelos cacheados, corpo escultural com curvas bastante convidativas, seios fartos, bundinha redonda e empinada... A posição em que ficou era encima de uma poltrona, com as mãos acariciando o seio da direita, a mão esquerda enfiada na calcinha fio dental insinuando uma caricia em seu sexo. Aí está, a garota do calendário criada em sobre-tons claros e com o título “calendário das Gostosas 2010”.

Foram impressos 10.000 folhetins tendo ela como destaque. Seu paradeiro mais comum eram as oficinas mecânicas; fixada num canto da parede junto às demais mulheres que feito ela, estavam lá para entreter os olhos e por que não, o alibido combalido de alguns clientes que por lá passavam.

Logo que chegava a um desses estabelecimentos já ia atrás de fazer amizade com as outras. E aí Carla Peres, como são os homens aqui? Que parte do seu corpo eles olham mais? Como vai Tiazinha, essa pose sua não tá fazendo aparecer o útero? Tem algum tarado que já lhe levou pro banheiro?

Falando em banheiros... Já não agüentava mais acompanhar os filhos adolescentes dos donos das borracharias. Sorrateiramente, lhe seqüestravam entre os intervalos para o almoço. Os pais iam tomar banho e era aí que a molecada fazia a festa! Admirava-se com a cara de tesão desvairado de alguns e a timidez lacônica de outros, que mesmo sendo uma figura decorativa lhes botava banca. Como ela sofreu como esses punheteiros! (...). Numa das borracharias, com mau três dias ela já tava toda melada e rasgada.

Havia determinadas coisas que achava interessante: os homens, independente da idade vão logo olhando as mulheres peladas da oficina. E as mulheres? Ah, abre-se um capítulo só pra falar delas... Primeiro, quase todas não sabem nem onde fica o motor do carro! E tem umas tão inocentes que dá dó; às vezes olhava com atenção a cena:

– Senhora, a repiboca da parafuseta danificou em num ta fazendo a marcha passar, alega o borracheiro.
– E quanto é que isso vai me custar, responde a madame.
– Uns R$ 300,00 pila!

Quando via pensava: ê bobona! O cara ta te passando a perna muiê! (...).

O comportamento feminino também era engraçado, ficava entre o pasmo e a repugnância; olhavam-lhe com determinado espanto como quem se pergunta, como conseguem”.

Sua vida útil dependia sempre do seu dono. Se controlasse seus filhos dava pra ficar na parede pelo menos seis meses, se não, uns dois, quem sabe dois meses e meio... E quando já maltratada pelo tempo, sem o brilho atraente das cores vivas, o papel comido pelas traças e as fitas gomadas sem lhe fixar ia resignada para a lata de lixo juntar-se as outras mulheres de calendário que no lixão publico esperavam a ação do tempo e seu suspiro final.
EXTRA:
Caros leitores. É com muita satisfação e alegria que hoje tenho um texto postado no blog do querido amigo Neto. O escrito fala sobre o caso Isabela Nardoni, por isso, peço-lhes vossa participação com seus cometários: http://sakuxeio.blogspot.com/2010/04/para-alem-do-julgamento.htm

7 devaneios:

Lunna disse...

Olha, eu acho é que as mulheres, pelo menos a maioria ficava mesmo era com inveja das "peladas" dos borracheiros. rs
E gira o mundo e vamos embora.

Ps. Procurei, mas não achei: vc tem feed???

Neto disse...

Olha, quando eu tinha 12 anos tinha uma oficina aqui perto com esses calendários e os mecânicos viviam fazendo festa. Compravam e tomavam cervejas, sonhando com a peladona ao lado deles.

Eu só lembro que o cartaz não passava dois dias na parede. Eita povo! Enfim, cada um (louco) com sua mania.

PS. já publiquei teu post e seria bom você fazer também uma 'chamada' aqui no Submundos pra ele - já que o assunto gera discussão.

Abraços

Carol disse...

Esse texto ficou bom, tem momentos que não dá para saber se vc fala da mulher ou do calendário...^^

Valdeir Almeida disse...

Daniel,

Gostei do seu texto. Retrata muito bem a realidade das mulheres que viraram objetos de clientes e mecânicos (e os filhos de uns e de outros).

Li seu texto no "Sakuxeio" e comentei.

Abraços e obrigado pelas felicitações que deixou em meu blog.

vanessa disse...

@Daniel vim lhe conhecer.

vc fez um post tão legal lá no sakuxeio que eu queria saber quem é essa peça huahuahua brincadeira, ligue não! sou meio doidinha.

na verdade, vim dizer q gostei do que escreveu lá. e vou lhe visitar mais vezes. a gente, parece, tem algo em comun rs

bjos

Irene disse...

Olá, Daniel !!!

Novamente, prazer em conhecê-lo. E obrigada pelo gentil comentário que vc deixou em meu blog. Tbm farei questão de acompanhar seus textos e comentá-los sempre.

Sobre o seu post, gostei de como vc retratou a situação dos calendários femininos nas oficinas; representou a realidade sob uma otica bem humorada. Parabens !
Contudo, admito que tenho uma opinião nada lisongeira sobre o "posar nua". Não critico quem faça, afinal, temos liberdade para escolher o que queremos ou não fazer e cabe aos demais respeitar essa escolha. Massssss...confesso: não acho que o "posar nua" e que os famosos calendários eróticos femininos sejam lisongeiros para a imagem da mulher frente a sociedade. Nos ultimos tempos, a mulher se tornou meramente um "pedaço de carne" para uso e abuso de uma parcela do sexo masculino (ainda bem que a outra parcela do sexo masculino respeita as mulheres); alguns homens repudiam mulheres inteligentes dizendo que elas são chatas (ainda bem que são, apenas, alguns homens).
Agora, não posso deixar de mencionar que consegui visualizar perfeitamente a história que vc narrou em seu post. Alias, narrou com riquezas de detalhes....detalhes muito bem humorados (rsss).

Grande abraço !!!

Anônimo disse...

Hehehe. Gostei bastante!

abração

BOO-BOX!!!

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