
Bom, pelo menos eu acredito que faço tudo isso. Acredito que, como mãe, vou ser mãe até o fim dos meus dias, dando pitacos em suas vidas, mesmo quando não solicitados. Mas sabendo que eles tomarão conta de suas próprias vidas, pois foi para isso que os criei. Que não se sentirão tentados quando alguém disser: dou um doce se me der um beijo, ou qualquer outra chantagem do gênero.
Como mãe, vou sentir orgulho (embora com um tantinho de ciúme) quando me apresentarem as mulheres que escolheram para serem parceiras de suas vidas. Vou saber que essa escolha não foi movida por chantagem, ou um jogo sujo de interesse, mas foi uma escolha madura em que, mais que tudo, valeram seus princípios.
Então, é com uma surpresa doída que vejo a campanha política apelando para o nosso lado infantil necessitando de uma mãe para cuidar de nós. Acontece que, por mais bonitinho e tocante que seja isso, um político não é para ser nossa mãe, para colocar em nossa boca, mastigado, aquilo que ele acha que é bom, certo e, sim, para nos servir, nos representar. No fundo, ele é um empregado nosso que pagamos caro, muito caro!
Quando contrato uma empregada, ou um motorista para levar os meus filhos para qualquer canto da cidade, a primeira coisa que quero saber dele é se é de confiança, depois, se faz bem o que se propõe fazer. Nem me passa pela cabeça colocar nas mãos de alguém que mente, de alguém que não inspira confiança, de alguém que diz uma coisa e faz outra, a vida de meus filhos!
A mesma coisa podemos falar da política. É como se cairmos naquela máxima que criticamos tanto anos atrás: rouba, mas faz. Será que é isso que quero que meus filhos aprendam? Será que é um tipo de pessoa assim que quero que me represente? Será que eu acredito que roubar, matar, mentir, enganar, omitir, é justificável, contanto que se alcance aquilo que eu quero? Será que acredito que se juntar aos maus é bom negócio, contanto que isso me faça ficar em evidência? Será que acredito que falar mal, menosprezar quem nos deixou um bom legado é bom para sermos um líder de expressão? Será que é boa conduta jamais ver pontos positivos em um antecessor? Será que queremos que nossos filhos aprendam a prometer coisas que sabem jamais poder cumprir, porque sabem que isso logo será esquecido?
Sabe, ouvir de um filho para eu votar naquele candidato que diz "pior que tá não fica", por pura gozação, é sintoma de que eles já assimilaram a idéia de que a política é realmente um circo, onde nada do que se diz é a sério, tudo o que se promete é fantasia, e quem está lá não é alguém confiável para se ter um cargo sério e de responsabilidade. Entretanto, mesmo assim, paga-se para ver. O ruim é que, cada vez mais gente quer entrar para esse circo para SE representar, e não para representar o povo. Gostaria que os meus filhos não optassem por uma outra mãe – afinal, mãe é só uma. Fora isso, se fossem escolher uma mãe, que fosse uma mãe com experiência reconhecida, de confiança, que tem orgulho de ser mãe.
Se fossem escolher alguém que os representasse, que fosse alguém que fosse compatível com seus princípios, nem que para isso tomasse como base os 10 mandamentos bíblicos, básicos e diretos. E representar, quer dizer alguém com a sua cara. Será que hoje tem alguém com a minha cara nessa política? Temos, o sapo-barbudo, a marionete ou poste, temos o vampiro, e outras classificações. É essa a nossa cara?
Eu não quero esse Brasil que se anuncia para os meus filhos. Não é para isso que estou criando os meus filhos. Quero que eles sejam homens e não meninos dependentes, ou tolos, ou ignorantes, ou idealistas demais. Quero que eles exijam os seus direitos, uma vez que seus representantes são pagos por eles. Eu mereço, meus filhos merecem muito mais do que isso que está por vir. Ou será que nos contentaremos com a máxima: cada povo tem o governo que merece - e deixamos tudo por isso mesmo?
Se até o nosso presidente e a sua candidata mudaram a cara, o jeito de vestir, o jeito de falar, porque acreditavam que podiam ser melhores, por que o brasileiro não pode acreditar nisso? Por que o brasileiro tem que acreditar que tem que ser pobre o tempo inteiro? Um pobre coitado que precisa ser amparado...
Por que não podemos nos repaginar, nos vestir de povo que acredita que é melhor, no povo que acredita no trabalho, e não na esmola; no povo que acredita no estudo, e não na conveniência; um povo que acredita na criança altamente motivada, e não na criança deixada à parte da sociedade até os 16 anos; um povo que acredita que o trabalho é de todos, que nada vem de graça; um povo que acredita na justiça e cobra por ela?
Enfim, como mãe, eu gostaria do melhor para os meus filhos e, dessa vez, isso não depende só de mim.
Por: Mirian Martin – http://caldeirao-da-bruxa.blogspot.com
Faço minhas cada vírgula desse magnífico texto escrito pela querida Bruxa Mirian.
10 devaneios:
Não sei porque, mas quando mandei para você eu tive a leve impressão que iria parar aqui. :)
Olá! Vim a convite de Míriam.
Míriam, tomando a liberdade de responder, não será porque é bruxa? Rsrs.
Daniel, parabéns por postar palavras tão coesas. Também sou mãe e sonho com um mundo melhor para meus filhos. O mais velho já vota e é consciente. Que possamos fazer boas escolhas.
Abraços.
Uau!!!! Quanta verdade há nesse desabafo. Quem dera 50% mais um da população brasileira tivesse essa consciência, essa inquietação, capacidade de indignação, acho que teríamos chance de construir um país de verdade.
Por enquanto, a tendência é que sigamos assim, nessa nau (des)governada.
Bela ideia de trazer esse texto pra cá, Daniel.
Beijos.
Toda mãe é extremamente cuidadosa e zelosa com seus filhos que esta não seria diferente. Algumas mães se preocupam tanto com seus filhos que os oprimem dentro de seus próprios lares. Não os deixam escolher suas roupas, não os deixam dormir na hora em que querem,não os deixam namorar com a garota que querem, enfim, são superprotetoras e... opressoras tambem (embora neguem).
Algumas mães com "essas manias" (que quando demasiadas, eu chamo de paranóias) tendem a ver tudo na vida pelo lado emocional. Pelo lado poliana, e pensam que precisam proteger cada vez mais seus filhos deste 'mundo mau' que se acortina a frente.
Nada contra mães assim (e nem mesmo estou falando desta que escreveu tão bem - dou parabéns!), mas penso que a razão e o bom senso deve nortear tudo em nossas vidas. TUDO na vida, até mesmo aquele desejo delas de querer mandar na vida dos filhos quando já estão adultos - ou quando erram em alguma coisa (aqui: "errar" faz parte da vida. e há que se entender isso) tentando acertar.
Quiando ouvimos algo do tipo: "estão criando uma mãe na política pra cuidar da gente". As Mães, reais e verdadeiras, que entendem o significado da palavra "Mãe" sabe que é uma mentira. Mas,como sempre, elas dramatizam a questão.
Ora,ninguem é mais "MÃE" pra gente do que a nossa mãe real. Ninguem irá substituí-la,então se disseram isso pra que vamos dramatizar?Sabemos que não é verdade.
Quando as mães reclamam que na política estão querendo 'infantilizar' os nossos filhos, na verdade, estão querendo dizer: estão fazendo por mim o que eu já faço com meus filhos! Assim não! Assim não deixo!!!"...
Ou seja, tudo é (ou vira) drama e dramatização. Nada que nos eleve (ou os eleve) em sabedoria.
Abraços
NETO Quando se diz "infantilizar" não é exatamente os filhos, mas o brasileiro, como filho. Nenhuma mãe, em sã consciência, vai imaginar que um dia será substituida, principalmente quando se trata de uma "mãe-política".
Mas, veja bem que mãe boazinha: deu o Fome Zero, o PAC, Bolsa Família e outros benefícios (ela?). Temos qeu amar uma màe assim!
Entretanto, se pensarmos muito bem, nós pagamos por isso! Ela não foi mãe. Ela não fez nada além do que devia se fazer - e menos ainda, porque quer nos fazer acreditar que devemos isso a ela! Devemos? Será que quero a continuidade disso?
Mas se é para dramatizar, vamos lá: se a ideia de mãe pega, pega também a ideia de que com mãe não se mexe. Isso cheira a ditadura, né não? :)))
(E, por incrível que pareça, dá a impressão que os outros candidatos também tem medo de brigar com essa mãe-politica! Freud teria um prato cheio nessas eleiçòes! ;))
@Miriam
Não veja as coisas por esse lado. Achar que Dilma será 'a mãe dos brasileiros' por isso ou aquilo é uma loucura, besteira, apenas um factoíde... Isso não existe.
Não se deve dramatizar (nem aumentar) uma situação assim para que não vire uma paranóia... em família.
Sou daqueles que acha que quanto mais se fala em algo, quanto mais se dá ibope à isso, mas perigoso fica...
Pura bobagem viu!
Abraços
O convite que fizeram com a ligação de mãe é porque mulher não vota em mulher, não confia na mulher ( na política) nem gosta de mulher, como pobre não votava em pobre.Então, para mostrar que a mulher é também ou pode ser sua mãe, talvez faça a mulher encarar melhor a candidata como tal , tendo competência de qualquer homem,e não como mulher a ser rejeitada.
A escolha é nossa vamos pensar bem , paz.
Beijo Lisette
Abraço cada letra do que falou essa querida Bruxinha. Pensamentos magnificamente expostos e assimilados. Bjs nela e em vc pela deliciosa postagem.
Eu não gosto de política porque acho que o brasileiro não é um cidadão e nem tem direitos de um cidadão. Afinal, são obrigados a votar e votam em homens e mulheres que não estão interessados no país e sim no próprio bolso. Dias atrás vim um candidato dizer que não sabia o que era ser um senador, mas iria descobrir se fosse eleito.
Sim, o presidente não estudou ou estudo pouco (tanto faz) mas foi eleito presidente e assinou coisas sem ler. Fato, todos nós sabemos. Criou programas sociais e deu continuidade a outros já existentes e amarrou o burro de todos na sombra. eu roubo e graças a mim vcs tem as suas bolsinhas. Esmolas dadas pelo governo.
Melhor que isso? Pra ser assim significa ter que trabalhar? Então nesse caso prefiro ficar com o pouco mesmo. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Política é mesmo uma piada, acho que Socrates deve se lamentar muito por tudo isso.
Bacio
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